quinta-feira, 9 de julho de 2009

MINHA VIDA DE REPÓRTER MUNDO CÃO

 
A arma é de brincadeira, gente!

As crônicas policiais brasileiras estão repletas de crimes macabros.
Casos verdadeiramente aterradores.
Muitos ainda não foram solucionados.
Outros jamais serão.
Nos noticiários “normais”, dos principais meios de comunicação, as mais trágicas e violentas histórias de morte, tem seu impacto diminuído, ao serem transformadas em dados frios e impessoais, para “não chocar” a sociedade.
Se quiser fazer um bom trabalho, um repórter policial não deve ter medo de chocar a sociedade. Afinal, ela quer pagar pela notícia, para saber a mais pura verdade. Seja boa ou ruim.
Pra fazer uma boa reportagem policial é preciso viver a notícia. Senti-la pulsando no sangue.
O que os outros apenas ficam sabendo, ouvem falar, ou vêem através de fotos, ou TV, o repórter policial tem que ver e ouvir ao vivo, em cores e não em preto e branco. Não em tons de cinza.
Não é um trabalho fácil. Na verdade muitas vezes chega a ser repugnante, sinistro aterrador e é claro... perigoso.
Fotografar pessoas mortas das formas mais bizarras, conversar com assassinos (às vezes na própria cena do crime), saltar da cama altas horas da madrugada para atender uma ocorrência policial, e ficar de plantão 24 horas por dia, sete dias por semana, sem feriados, é rotina, coisa normal para um repórter policial que precisa dar a notícia para seus leitores.
Um repórter policial não pode se prender e nem depender de boletins de ocorrência, como se fosse uma muleta. Tem que ver a coisa acontecer. Estar lá na ocorrência.
Para fazer um trabalho limpo e profissional, sem cometer injustiças é necessário checar a exaustão todas as informações, ouvir todas as vitimas, testemunhas e até mesmo os responsáveis pelo crime, quando querem falar, é claro.
Isso sem mencionar, que é fundamental para um repórter policial ter conhecimento de causa, ou seja, sempre saber o que está falando.
Em minhas reportagens, sempre revelo a dimensão humana da tragédia, sem exageros, sem frescuras e é claro, sem injustiças.
Esse é meu estilo “mundo cão”, de contar uma história.
Ao invés de fornecer dados frios e impessoais, coloco meu leitor na cena do crime.
É exatamente assim que tem de ser. Quem paga pela notícia, quer a verdade. Não quer ser poupado dos detalhes macabros da história, caso contrário, não compraria a publicação.
Esse é o nosso, o meu papel.
O papel de um repórter mundo cão.