quinta-feira, 9 de julho de 2009

COMPLEXO DE CAPITÃO NASCIMENTO

Sufocar um “suspeito” com um saco plástico fazendo com que ele entregue até a mãe, enquanto coloca o almoço pra fora é morbidamente divertido no cinema.
Executar "bandidos malvados" com uma espingarda Calibre 12 ou com uma pistola Ponto 40 é mais divertido ainda. Principalmente se o filme estiver sendo visto em um DVD pirata, comprado no camelô da esquina por apenas 5 reais. Cinco não, me perdoem, agora é três por 10 reais. Nesse caso, dá pra se divertir até com a cara do produtor do filme, que está sendo lesado com a pirataria.
Melhor ainda é saber que todas as complicações judiciais derivadas das torturas, mortes e uma extensa lista de excessos cometidos pelos "mocinhos" da trama (que derramam litros de sangue para garantir o divertimento da platéia) acabam junto com o filme, que raramente ultrapassa duas ou três horas de exibição.
Mas na vida real, o buraco (e não é o da bala), é bem mais embaixo.
Estourar portas de casas (mesmo que seja de um bandido malvado), distribuir um festival de socos, tiros e pontapés com o máximo de truculência, pode resultar em longos processos judiciais, que ocasionam muitos constrangimentos, transtornos e dores de cabeça para os envolvidos.
Às vezes a coisa termina em pizza. Outras vezes termina em expulsão, perda de farda, perda de distintivo, e indenizações vultosas para as famílias das vítimas. Isso quando não termina ainda com a prisão dos ex-mocinhos que passam a ser os bandidos malvados no banco dos réus.
Não estou (embora pareça) dando alfinetadas de maneira alguma no trabalho das autoridades policiais desse município, até porque pelo que sei, a polícia daqui até pega leve, com os caras do mal, se comparado, a metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro, onde alguns “Micks e Charles”, costumam atirar primeiro e perguntar nome depois. Depois de morto.
Quem me conhece sabe que, quando tenho algo pra falar dou nome aos bois e assino embaixo.
Meu objetivo aqui é só lembrar (ou relembrar) a todos que assistiram o filme Tropa de Elite, seja militar ou civil, guarda ou vigilante, polícia ou ladrão, bandido ou mocinho, que, antes de incorporar o espírito do Capitão Nascimento é preciso ter em mente que cada ação tem uma reação.
Não adianta ter "dedo mole" para puxar o gatilho e "cabeça dura" para não medir as conseqüências.
É preciso pensar (e repensar) antes de agir.