segunda-feira, 29 de setembro de 2014

SOBRE JUSTIÇA SOCIAL, ROBERT DOWNEY JUNIOR E WESLEY SNIPES


Na metade da década de 1980, fiquei apaixonado por um filme sobre adolescentes chamado “Tuff Turf - o Rebelde”.

Quem tem minha idade, deve se lembrar, passava comercial toda hora desse filme no SBT, quando saiu em fitas de videocassete.

Tuff Turf tinha sido lançado em 1985 nos  EUA, e acho que um ano depois, aqui no Brasil. O ator principal do filme era um desconhecido James Spader, que mais tarde se tornaria astro em Hollywood. Mas, não foi do Spader  de quem mais gostei no filme e sim do amigo coadjuvante dele, um outro garotão desconhecido chamado Robert Downey Junior.

Downey me ganhou desde aquele filme que assisti há quase trinta anos. E cresceu demais na carreira, se tornando um dos astros mais respeitados do cinema norte-americano. Homem de Ferro e Sherlock Holmes, campeões mundiais de bilheteria, que o diga.

Alguns anos depois, assisti um outro filme de baixo orçamento,  que me apresentou um dos meus atores preferidos em thrillers de ação. O filme era “New Jack City, a Gangue Brutal”, lançado em 1991 nos EUA e um ou dois anos depois por aqui. O papel do mocinho do bem, interpretado pelo Mario Van Peebles, foi ótimo, mas quem ganhou minha atenção mesmo, foi o traficante de drogas, interpretado por um desconhecidíssimo Wesley Snipes. Precisou de uns três anos, pra cair minha ficha que já tinha visto Snipes antes, no videoclipe “Bad”, do “falecido” (será mesmo???) Michael Jackson.

Se desde o início gostei do Snipes, imagine então quando ele interpretou com maestria o caçador de vampiros “Blade”, na ótima trilogia feita para o cinema, com o personagem dos quadrinhos da Marvel. Me ganhou de vez.

Pra minha felicidade, no filme “USA Marshal – os Federais”, de 1998, tive a felicidade de ver Snipes e Downey Junior, atuando juntos em um dos melhores filmes policiais dos últimos tempos. E adorei.

O que esses dois atores têm em comum, além do talento e de serem astros milionários de Hollywood? A reposta é óbvia; os dois são cadeieiros. Downey, que foi noia a vida inteira, sendo inclusive criado numa família onde todos usavam drogas normalmente, passou anos entrando e saindo da cadeia por conta de seus problemas com drogas. Quem quiser mais detalhes, só pesquisar a vida do cara. Ele só endireitou agora, que está mais coroa, mas foi viciado em drogas a vida inteira.

Já Snipes, passou os últimos anos trancafiado numa penitenciária, por sonegação de imposto, crime seríssimo, nos EUA. Não é verdade, Alcapone?

Mas, o interessante, é que mesmo ambos sendo astros milionários de cinema, eles foram condenados em um tribunal comum, e cumpriram suas penas em penitenciárias comuns, tendo que conviver dia a dia com assassinos, estupradores, traficantes e ladrões.

 Downey arrumou uma treta na cadeia uma vez e levou uma porrada na cara, ficando com um olhão roxo e a testa cortada. Não teve tratamento especial nenhum.

E tudo isso aconteceu, por que os Estados Unidos, sem querer pagar pau agora para os norte-americanos, é um país sério, no que diz respeito a cumprir suas leis. Lá, existe o que chamamos de JUSTIÇA SOCIAL, coisa que ninguém no Brasil nem sabe o que significa. Infelizmente.

Nos EUA, se um bêbado filho da puta atropela e mata seis pessoas numa rodovia, dependendo do Estado, é pena de morte ou perpétua, não tem mais alternativas. Se um moleque irresponsável atropela e mata uma menina na porta da faculdade e foge sem prestar socorro, é 30 anos de cana, sem direito a condicional. E não tem essa porra de visita íntima, não, terá que se resolver sozinho no cinco contra um, por trinta anos. Coitado do palhacinho dele, ficará todo descabelado. Por isso os americanos têm tanto orgulho de serem americanos. Lá, as coisas, principalmente as leis, realmente funcionam.

E se um político, seja ele, prefeito, deputado, ou outro, entra pobre no governo, fode a cidade, fica bilionário descaradamente com o dinheiro que roubou do povo e se envolve em um monte de falcatruas, é cana, parceiro. Seja ele quem for. Isso é justiça social, é a sociedade saber que ser desonesto,  corrupto e bandido, acaba em cana, se for descoberto.

Mas no Brasil, justiça social não existe e nunca existiu, é uma palavra desconhecida do vocabulário público. Afinal, esse é o país da impunidade.

Ou seja, não é por acaso que as coisas estão indo cada vez mais de mal a pior por aqui.

Onde tudo isso vai parar? Boa pergunta!

Aliás, excelente pergunta!

  

Nenhum comentário: