sexta-feira, 11 de junho de 2010

"SENTAR O PREGO" EM POLÍCIA É ASSINAR ATESTADO DE ÓBITO


Pipocar um “coxinha” (nome pejorativo pelo qual a PM é chamada em São Paulo), ou “sentar o prego em um civilzão” (investigador de polícia), é o sonho de consumo de 11 em cada 10 malacos. Malacos de atitude, não dos comédias que chamam guarda de trânsito de “Senhor”, com medo de tomar tapa na cara,m quando rodam com uma ou duas pedrinhas.
Como um policial, por mais bem preparado e armado que seja, no fim das contas é apenas um homem como qualquer outro, nem de longe matar um deles é coisa impossível. Não é. No Rio de Janeiro e São Paulo, matam-se policiais o ano inteiro, tanto é que as vagas de trabalho nessas corporações nunca são preenchidas, já que há “baixas” ( e são baixas de guerra) o tempo todo.
O grande problema, pra quem tem essa pretensão, são as consequências. Consequências fatais na verdade. Pra falar o português bem claro, o cara que mata polícia está ferrado. “Se” for capturado com vida após o crime, o que é muitíssimo improvável, ele realmente entra com moral dentro da cadeia, vira celebridade entre seus pares e ganha respeito. O problema é que mais cedo ou mais tarde ele sai da cana, e ao sair, vai ter sempre um “tira, um gambé, um fardado, um civilzão, ou um coxinha”, aguardando a oportunidade pra meter um balaço na boca dele. Isso se ele “sair” da cadeia. Pode ser que lá dentro mesmo, ele “sofra um acidente”, “adoeça misteriosamente e morra”, “tente uma fuga e acabe fuzilado”, “coma uma comida estragada e vá pro céu mais cedo”, enfim, só Deus mesmo sabe o que pode acontecer com um matador de polícia. Coisa boa que não é. Mas isso na prisão é claro, porque na rua, depois de um ataque a um policial, se o cara morrer na mesma hora, vai ser caçado como um animal, sem piedade, sem clemência. Todas as corporações policiais irão tomar as dores da família do morto e literalmente irão fazer um inferno na vida de muitos criminosos, até achar o culpado. E nessa de fazer um inferno, vai ter um monte de trafica tendo bocas estouradas, vai ter suspeito sendo abordado e preso a toda hora, e até cadáveres de malacos sendo encontrados em matagais ou boiando em rios o tempo todo.
Quem se lembra dos últimos ataques de uma facção criminosa à Polícia paulistana, ocorrido há alguns anos, certamente vai se lembrar também, que nos dias seguintes aos ataques, dezenas de “suspeitos”, de “ex presidiários” e até de detentos que estavam nas ruas de indulto, foram “misteriosamente” assassinados. Dizem que foram mais de 80 mortos. A maior parte com tiros de Pistola Ponta 40 na cabeça. Vai saber quem matou né?
Polícia é uma raça muito unida, mexeu com um mexeu com todos. Fica mal pra corporação um maluco apagar um fardado ou um civil e continuar vivo pra contar história.
Só pra se ter uma ideia, em uma troca de tiros rotineira durante um assalto, o bandido sempre acaba morto. Tem policial que fica filho da p... , se um bandido levantar a mão (armada é claro), ele passa fogo no sujeito, mesmo que o cara queira se render.
Por essas e tantas outras coisas, é que a ideia de zerar um policial, embora seja tentadora para quem quer subir no conceito do crime, é na verdade um atraso de vida. É assinar o próprio atestado de óbito, ou como dizem “caixão e vela preta”.
Que tem policial que comete excessos tem, todo mundo sabe. Mas bandido também comete excessos.
Em última analise, o policial está fazendo a cara dele, que é atrasar o lado do ladrão. E por isso só, mesmo se excedendo algumas vezes, vai ter muito mais respaldo do que um sujeito que está na rua agindo contra o sistema.
Com tudo isso em mente, tem que ficar claro que, quando um cara diz que está pronto pra apagar um polícia, ele também tem que estar pronto pra morrer. Porque é isso que provavelmente vai acontecer quando ele for encontrado. E será encontrado. Pode ser mais cedo, pode ser mais tarde. Mas o final vai ser sempre o mesmo... um tiro de Ponto 40 na cabeça.
Polícia não tem peito de aço. Mas bandido também não.
Será que o risco vale a pena?