MATÉRIA DO JORNAL "O CORREIO" 27 DE SETEMBRO DE 2017
LIÇÃO DE VIDA
AUTOBIOGRAFIA DE VEREADOR MAIS VOTADO
DE ITU É UMA VERDADEIRA AULA DE EMPREENDEDORISMO E SUCESSO
DA REDAÇÃO
Se o londrinense Emerson Petriv, mais
conhecido como “Boca Aberta”, é o
vereador mais polêmico do Paraná,
quem merece esse título no Estado de São Paulo, provavelmente é o
vereador Reginaldo Carlota, da famosa cidade de Itu, onde tudo é grande.
Seguido por mais de 70 mil pessoas no
Facebook, Carlota, como é mais conhecido, não é só um político honesto e
representante do povo, é um verdadeiro “self made man”, um homem que se fez por
si mesmo.
Antes de ser eleito vereador ano
passado, com 3168 votos, a maior votação da história, já feita por um edil
nessa cidade, ele teve uma verdadeira vida de cão, numa trajetória repleta de
tristezas e glórias, contada agora em seu livro autobiográfico “Faca na
Caveira”, que lança esta semana. O título da obra, que faz alusão direta ao filme
Tropa de Elite, foi seu slogan de campanha e tornou-se uma espécie de marca
registrada sua.
Quando tinha apenas 5 anos de idade, a
mãe do vereador, uma jovem de apenas 25 anos, morreu na sua frente. “Nunca
esqueço como foi, ela chegou um dia em casa, colocou uma água pra ferver na
chaleira, sentou na cama junto comigo, passou a mãe na minha perna e caiu pra
trás. Infartou. Morreu na hora, em um segundo, sem sentir nada”, relembra.
Os anos que se seguiram não foram
fáceis, Carlota e sua única irmã, quatro anos mais nova, chegaram até a passar
fome durante algum tempo, viveram numa situação muito difícil, tanto que ele
relata no livro, ter sido o menino mais pobre da escola. “Eu adorava ir na
escola, pois era o lugar onde tínhamos comida garantida”, declara.
Apesar das dificuldades sofridas e do
fato de ter crescido na periferia da cidade, vendo a maior parte dos seus
amigos tornarem-se drogados e se envolverem com a criminalidade, que levou quase todos a morte, cadeia ou uma
vida de mendicância, Carlota jamais se envolveu com o crime e nem aceitou a
vida de infortúnios, decidindo desde cedo a lutar por seus objetivos.
Com apenas 10
anos de idade, começou a trabalhar como engraxate e vendedor de sorvetes, e enquanto seus amigos se deslumbravam com a
famosa cola de sapateiro, que era a droga do início dos anos 80, ele se
dedicava à leitura de centenas de livros, que emprestava da biblioteca pública.
Com 14 anos, formou-se em um curso por correspondência de “Desenho Artístico e
Publicitário”, depois trabalhou como servente de pedreiro e pintor de paredes.
Desapareceu por alguns anos na segunda metade da década de 1990, quando fez uma
“peregrinação espiritual por aí”. Entre 1999 e 2000, viveu praticamente como um
andarilho, pegando carona em rodovias e dormindo em albergues noturnos, de
diversas cidades do interior de São Paulo, enquanto seguia a trilha de um
assassino serial, que em 1984, estuprou e matou duas meninas em Itu. “Esse assassino era um andarilho que
perambulava sem rumo por aí, e para identificá-lo, eu tive que viver exatamente
como ele vivia, foi assim que entrei na mente dele”, revela.
A busca pelo
assassino, mais tarde identificado como sendo o serial killer Laerte Patrocínio
Orpinelli, vulgo “Monstro de Rio Claro”,
resultou no livro-reportagem “O Matador de Crianças”, escrito por
Carlota em 2010. A obra, publicada pelo próprio autor, sem ajuda de nenhuma
editora, vendeu mais de 10 mil exemplares e fez com que Carlota
fosse convidado para participar dos programas policiais “Instinto Assassino”, do Discovery Channel e
do “Investigação Criminal”, do AXN. Em 2005 começou a trabalhar como repórter
policial em um jornal local e 5 anos depois, lançou seu próprio jornal, que editou
por mais cinco anos seguidos.
Carlota já
viajou por diversos países da Europa e da América do Sul, sendo que todo ano
passa férias em Paris. Adepto de esportes radicais como longboard, skate e
paraquedismo, nas horas de folga o vereador costuma se jogar de uma avião a 300
km por hora a 4 mil metros de altura e desce ladeiras de skate a 60 km por hora
(sem nenhum equipamento de segurança – bonito, hein, vereador?).
Ano passado, ao
decidir concorrer pela primeira vez em uma eleição política, a pedido do
próprio povo, acabou eleito vereador com
uma votação esmagadora. A maior da história de Itu. Mesmo sendo do partido do
próprio prefeito (PTB), Carlota “não paga pau”, como gosta de dizer e cobra,
fiscaliza, denuncia e quando necessário “esculacha geral”. Não por acaso, já
coleciona 7 processos, sendo todos
ligados direto ou indiretamente ao chefe do executivo da cidade. “Posso ser
processado mil vezes, mas continuarei sendo homem de palavra e cumprindo o que
prometi pra população”.
O vereador
também é bastante famoso por já ter se envolvido pessoalmente em caçadas a agressores
de mulheres, assassinos e estupradores, chegando a participar de reportagens
até no Balanço Geral da TV Record, por conta de suas atividades de justiceiro
urbano. Dizem as más línguas, que ele chegou a espancar brutalmente um
estuprador e jogar o mesmo no Rio Tietê, mas questionado sobre isso, ele
desconversou.
Mesmo sempre
aparecendo até em fotos de capas de revistas, com belas modelos, que trabalham
nas suas promoções de livros, Carlota revela que é noivo de uma policial
municipal, a Sônia Cezario”, com quem mantém um relacionamento amoroso há 6
anos e diz que apesar das crises
existentes com qualquer casal, leva uma vida muito feliz com a mulher que
escolheu. “Sempre me perguntam se minha noiva não tem ciúmes de eu contratar
mulheres bonitas nas minhas promoções, sim, claro, que ela tem, mas a Sônia é
uma leoa e leoa não tem medo de gatinhas”, brinca.
Recomendado
tanto para quem pretende ganhar uma eleição para vereador, quanto para qualquer
pessoa de fora dos meios políticos, que aprecia uma boa leitura sobre motivação
pessoal, superação e sucesso, Faca na
Caveira é no mínimo uma obra obrigatória para se ter na estante.
Lançado pela
própria empresa do autor, a “Serial Books”, o livro pode ser adquirido pelo
e-mail: serialbooks@gmail.com.
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