SOBRE JUSTIÇA SOCIAL, ROBERT DOWNEY JUNIOR E WESLEY SNIPES
Na metade da década de 1980, fiquei apaixonado por um
filme sobre adolescentes chamado “Tuff Turf - o Rebelde”.
Quem tem minha idade, deve se lembrar, passava comercial
toda hora desse filme no SBT, quando saiu em fitas de videocassete.
Tuff Turf tinha sido lançado em 1985 nos EUA, e acho que um ano depois, aqui no Brasil.
O ator principal do filme era um desconhecido James Spader, que mais tarde se
tornaria astro em Hollywood. Mas, não foi do Spader de quem mais gostei no filme e sim do amigo
coadjuvante dele, um outro garotão desconhecido chamado Robert Downey Junior.
Downey me ganhou desde aquele filme que assisti há quase
trinta anos. E cresceu demais na carreira, se tornando um dos astros mais
respeitados do cinema norte-americano. Homem de Ferro e Sherlock Holmes,
campeões mundiais de bilheteria, que o diga.
Alguns anos depois, assisti um outro filme de baixo
orçamento, que me apresentou um dos meus
atores preferidos em thrillers de ação. O filme era “New Jack City, a Gangue
Brutal”, lançado em 1991 nos EUA e um ou dois anos depois por aqui. O papel do
mocinho do bem, interpretado pelo Mario Van Peebles, foi ótimo, mas quem ganhou
minha atenção mesmo, foi o traficante de drogas, interpretado por um desconhecidíssimo
Wesley Snipes. Precisou de uns três anos, pra cair minha ficha que já tinha
visto Snipes antes, no videoclipe “Bad”, do “falecido” (será mesmo???) Michael
Jackson.
Se desde o início gostei do Snipes, imagine então quando
ele interpretou com maestria o caçador de vampiros “Blade”, na ótima trilogia
feita para o cinema, com o personagem dos quadrinhos da Marvel. Me ganhou de
vez.
Pra minha felicidade, no filme “USA Marshal – os
Federais”, de 1998, tive a felicidade de ver Snipes e Downey Junior, atuando
juntos em um dos melhores filmes policiais dos últimos tempos. E adorei.
O que esses dois atores têm em comum, além do talento e
de serem astros milionários de Hollywood? A reposta é óbvia; os dois são
cadeieiros. Downey, que foi noia a vida inteira, sendo inclusive criado numa
família onde todos usavam drogas normalmente, passou anos entrando e saindo da
cadeia por conta de seus problemas com drogas. Quem quiser mais detalhes, só
pesquisar a vida do cara. Ele só endireitou agora, que está mais coroa, mas foi
viciado em drogas a vida inteira.
Já Snipes, passou os últimos anos trancafiado numa
penitenciária, por sonegação de imposto, crime seríssimo, nos EUA. Não é
verdade, Alcapone?
Mas, o interessante, é que mesmo ambos sendo astros
milionários de cinema, eles foram condenados em um tribunal comum, e cumpriram
suas penas em penitenciárias comuns, tendo que conviver dia a dia com
assassinos, estupradores, traficantes e ladrões.
Downey arrumou uma
treta na cadeia uma vez e levou uma porrada na cara, ficando com um olhão roxo
e a testa cortada. Não teve tratamento especial nenhum.
E tudo isso aconteceu, por que os Estados Unidos, sem
querer pagar pau agora para os norte-americanos, é um país sério, no que diz
respeito a cumprir suas leis. Lá, existe o que chamamos de JUSTIÇA SOCIAL,
coisa que ninguém no Brasil nem sabe o que significa. Infelizmente.
Nos EUA, se um bêbado filho da puta atropela e mata seis
pessoas numa rodovia, dependendo do Estado, é pena de morte ou perpétua, não
tem mais alternativas. Se um moleque irresponsável atropela e mata uma menina
na porta da faculdade e foge sem prestar socorro, é 30 anos de cana, sem
direito a condicional. E não tem essa porra de visita íntima, não, terá que se
resolver sozinho no cinco contra um, por trinta anos. Coitado do palhacinho
dele, ficará todo descabelado. Por isso os americanos têm tanto orgulho de
serem americanos. Lá, as coisas, principalmente as leis, realmente funcionam.
E se um político, seja ele, prefeito, deputado, ou outro,
entra pobre no governo, fode a cidade, fica bilionário descaradamente com o
dinheiro que roubou do povo e se envolve em um monte de falcatruas, é cana,
parceiro. Seja ele quem for. Isso é justiça social, é a sociedade saber que ser
desonesto, corrupto e bandido, acaba em
cana, se for descoberto.
Mas no Brasil, justiça social não existe e nunca existiu,
é uma palavra desconhecida do vocabulário público. Afinal, esse é o país da
impunidade.
Ou seja, não é por acaso que as coisas estão indo cada
vez mais de mal a pior por aqui.
Onde tudo isso vai parar? Boa pergunta!
Aliás, excelente pergunta!
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